O Sporting, como todos sabem, é um clube centenário. Um clube de tradições e história. Um clube de raça, de entrega, de eclectismo, de pluralismo. Pode-se associar ao Sporting, ainda, a dimensão verdadeiramente nacional que nenhum outro tem: Sporting Club de Portugal. Nasceu português e viverá para sempre português. Seja onde for, em qualquer esquina do mundo, haverá sempre alguém – por menor que seja – a trautear os feitos e o futuro deste clube que veste a cor da esperança.
Como clube tem características diferentes dos demais. Procura afastar-se dos discursos fáceis, das vitórias sem mérito, das práticas sem entrega. É, dizem, um clube de elite. Que o seja, pelo menos, nos valores. Sim, pode-se dizer que o Sporting é, de entre os grandes portugueses, o que mais férreos e sólidos valores tem.
Pedem-me uma crónica e eu não deixo de a começar com este intróito que faz do Sporting e do sportinguista um clube e um adepto diferentes. E, como crónica curta, de a concluir com o óbvio em relação a esta diferença.
Diferença que se tem traduzido, no futebol principal – que não nas outras modalidades – por resultados sofríveis. Porquê, perguntar-se-á? Porque o Sporting é um projecto a longo prazo. Quanto maiores forem os períodos em que a sociedade sofre disrupções – como o é o presente, pondo em causa desde modelos económicos a questões sociais – mais difícil se torna encontrar uma coerência entre os valores sportinguistas e a conturbação dos tempos. Não que o Sporting não se saiba adaptar, porque sabe. Não que não se saiba reencontrar, porque saberá – como sempre soube. Porém, um clube de valores pretende-se um clube acima dos outros na honra, na glória, no mérito.
Precisamente pela história, pelos valores e pela forma de ser e estar o Sporting tem encontrado no exterior adversidade e mudança tais que chocam com a sua cultura. O que o Sporting tem que mudar, entenda-se, não são os valores. São, isso sim, a capacidade de adaptação desses valores aos tempos modernos. Se o Sporting consegue? Claro que consegue. Sempre conseguiu e sempre conseguirá.
Quanto ao sportinguismo, esse permanecerá. Porque os valores, por mais conturbada que esteja a sociedade, o Sporting saberá preservá-los. Saber ser sportinguista é também saber sofrer com os tempos e acreditar que o certo é o que vencerá, não obstante o desnorte actual, no futuro. Porque o futuro acontece com o certo e não com o errado, por mais que isto doa à mudança. E às vitórias que agora podem não surgir.
A diferença é saber aceitar. E o sportinguista sabe aceitar. E vestirá a sua camisola até ao fim. Até o verde ser verde e continuar a significar esperança.
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